Sal é essencial para a boa saúde!

Sal é essencial para a boa saúde!
Sal é essencial para a boa saúde!

Certamente você já ouviu advertências sobre o consumo de sal do seu médico, da mídia, de órgãos de saúde. A poderosa American Heart Association afirma que 1 em cada 10 pessoas morre por ingerir muito sal. No entanto, a recomendação de reduzir drasticamente o sal pode ser perigosa.

Desejo de sal

Desejo de comer sal é normal, uma necessidade biológica, assim como ter sede ou fome. A verdade é que não podemos viver sem ele. Sal (cloreto de sódio) tem inúmeras funções fisiológicas, essenciais para a vida: coração, rins, fígado e outros órgãos precisam de sódio para funcionar. O sódio transporta nutrientes através das membranas celulares e dentro das células, ajuda a regular o equilíbrio de fluidos, atua na contração muscular, na digestão e muito mais. Lágrimas, suor e sangue são salgados.

Cinco gramas de sal

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o limite de consumo para pessoas normais é de 2 gramas de sódio por dia, equivalente a 5 gramas de sal (1 colher de chá).  As diretrizes atuais recomendam que hipertensos, diabéticos e doentes renais devem consumir até 1.5 gramas de sal por dia para baixar a pressão e reduzir o risco de doença cardíaca. Baseados em quê?

Hipótese

A suposição é que você come sal, fica com sede e vai beber mais água. O excesso de sal faz com que o corpo retenha água. Esta retenção hídrica aumenta o volume de sangue circulante, que leva a uma maior pressão sanguínea resultando em doença cardíaca ou derrame cerebral. Parece fazer sentido, mas há um problema: os fatos não confirmam esta hipótese.

Fatos

Em mais de 100 anos de investigação a ciência não conseguiu mostrar um link definitivo entre ingestão de sal e pressão arterial elevada. Na verdade, as evidências apontam na direção oposta. Múltiplos estudos revisados revelam que quando a ingestão diária de sal cai abaixo de 3.5 gramas, o corpo reage produzindo mais renina-angiotensina, aldosterona e catecolaminas, o que eleva a pressão arterial.  E de quebra, aumenta o nível de colesterol e triglicerídeos! A Cochrane Database incluiu 185 estudos em revisão publicada em 2017: com pouco sal na dieta a renina aumenta 55% em média, aldosterona 127%, adrenalina 14%, noradrenalina 27%.

Baixo sódio

Então, se a ingestão diária de sal está abaixo de 3.5 gramas, o corpo reage produzindo renina, aldosterona e catecolaminas. Renina estimula a produção de angiotensina, que aumenta a resistência vascular periférica (os vasos ficam contraídos e o coração precisa fazer mais força para bombear sangue) e diminui a excreção de sal e água pelos rins (retenção hídrica). Estas duas ações aumentam o volume de líquido extracelular e elevam a pressão arterial. A angiotensina II estimula a secreção de aldosterona pelas suprarrenais, produzindo um aumento intenso na reabsorção de sódio pelos túbulos renais, o que eleva a quantidade de líquido extracelular e aumenta a pressão arterial em longo prazo.

Fisiologia

Os mecanismos fisiológicos citados acima são para poupar o sódio quando há pouca oferta do eletrólito, tão essencial à vida. Então, não faz sentido restringir o sódio a níveis muito baixos. Os estudos mostram que dietas com redução de sal resultam em uma diminuição de míseros 1% da pressão arterial em normotensos, e de 3,5% em hipertensos. Excesso de sal é ruim, pouco sal também! A qualidade do sal importa muito, evite o refinado, prefira sempre um sal integral livre de clareadores, antiumectantes e outros aditivos desnecessários para o corpo.

Referências

*British Journal of Nutrition 2020. Salt need needs investigation.

*Cochrane Database of Systematic Reviews 2017. Effects of low sodium diet versus high sodium diet on blood pressure, renin, aldosterone, catecholamines, cholesterol, & triglyceride.

*Milbank Quarterly 2014. Restricting Dietary Salt & Public Health: Is the Evidentiary Foundation Crumbling?

*Lancet 2016. Associations of urinary sodium excretion with cardiovascular events in individuals with & without hypertension: a pooled analysis of data from four studies.

Texto elaborado por:
Dra. Tamara Mazaracki
CRM 52 301716
Especialista em Nutrologia
Membro da ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia
www.tamaramazaracki.med.br

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